Os três cancros que contraí no (estômago, intestino grosso, intestino delgado) em datas que já referi na mensagem de ontem, 1992, 1994, 2001, não fizeram stop. Em 2006, apareceu-me outro na tiróide. Como me comportei? Desmaiei com a notícia. Não é de estranhar a reacção, digo eu, perante a aparição de mais um, agravada que é pelas questões em série que me coloco: Onde reaparecerá a seguir e porquê outra vez a mim? Caros leitores, não encontro respostas confortáveis. Quero apenas dizer que a angústia que me envolve e o medo mórbido do sofrimento que antevejo são tão intensos, que não tenho palavras para os exprimir.
Há pessoas que são muito infelizes e eu situo-me no espaço onde estão as mais castigadas.
Neste preciso momento estou pessimista, face a um quadro sintomático que sinto e para o qual ainda não tenho resultados conclusivos de exames clínicos que fiz recentemente. No estômago e no intestino grosso graças a Deus a colonoscopia alta e baixa não acusaram nada que inspirasse cuidado. Porém, o resultado do exame ao intestino delgado pela cápsula endoscópia, ainda não o obtive. A este propósito penso que o tempo, desde 15 de Abril até então, é longo demais para quem espera. Ouso mesmo dizer que é um atentado contra a sua própria resistência. E digo mais: quando os médicos pela sua experiência pressentem que os doentes X ou Y não estão bem, até pelos antecedentes que transportam, deveriam esses profissionais de saúde, digo eu, poupar os doentes da ansiedade que os consome atrozmente e, de imediato, encontrarem a solução que atenuasse os vários sofrimentos deles, nomeadamente consultas mais frequentes ou cirurgias pontuais de emergência.
Sinto dores. Mais localizadas na zona esquerda do abdómen e a anemia que as análises demonstram desde há um bom tempo a esta parte é um sinal negativo. Por isso, gostaria de ver o meu problema resolvido. Desejo muita saúde a todos os doentes, tão infelizes como eu! Beijos
domingo, 4 de maio de 2008
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4 comentários:
D. Maria de Lurdes Campelo, escreve na página de seu irmão, a quem muito admiro pelas razões apontadas.
Nos seus fraternos comentários referiu-se a mim duas vezes com estima, pelo que muito me sensibiliza, D. Lurdes Campelo.
Em "História de Vida" e sua continuação, hoje lidas, fiquei a saber o quanto tem sofrido com o aparecimento de consecutivos cancros. Como é possível o vaivém de males da mesma natureza numa só pessoa?!...
A D. Lurdes já deu provas de que tem força bastante para não se deixar vencer.
Na sua última intervenção referiu-se a exames cujo resultado ainda desconhecia. Entretanto, oxalá os resultados sejam animadores!
Dê notícias - de preferência boas -aqui ou na página de seu irmão.
Votos de francas melhoras.
OFigueiredo
Até que enfim apareceu alguém que se sensibilizou com a minha história de vida! Depois de a ter escrito e tanto tempo ter passado sem surgirem "reportagens" à mesma, entristeci-me com a indiferença generalizada dos mortais e cheguei mesmo a pensar que de duas uma: ou não acreditaram nessa história ou pior ainda: ignoraram-na literalmente.
Não por menosprezarem as minhas palavras, não é isso que quero dizer. Mas por não encontrar nenhum peregrino desta terra, que se tenha revisto numa história que, efectivamente, poderia ser a sua. Ou ingenuamente alguém pensará que estes imprevistos reais e indesejáveis acontecem só aos outros? Ah" ninguém tenha dessas ilusões! Muito embora eu, antes de ser acometida por essa terrível doença, também tivesse caído na tentação de pensar que estava imunizada contra esse mal. Mas as circunstâncias e as partidas que a vida nos prega não são tão lineares como isso.
Bem, sem querer truncar a linha do meu pensamento quanto ao desinteresse dos bloguistas em comentar a minha história de vida e na sequência das entradas que fiz ao meu blogue sem resultado, passei a não dar-lhe importância. Já que ninguém o comentava, nem valia apena abri-lo!...
E o tempo foi decorrendo sem tréguas como, e hoje, nem eu sei explicar porquê, decidi espreitar o meu navegável espaço e qual não foi o meu espanto, quando encontrei o seu comentário, Senhor Orlando Figueredo. Só mesmo um amigo do meu irmão poderia comover-se com a história da sua irmã.
Obrigada, mas obrigada mesmo. Não pela atenção que me prestou, pois essa atitude não é razão para me sentir desvanecida, mas por uma razão muito mais forte: por ter uma sensibilidade humana e "cristã" pelos doentes de foro oncológico.
Assim, em nome deles, eu agradeço o tempo que tira aos seus projectos de vida para ler histórias como esta e desejo-lhe veementemente que nunca tenha necessidade de escrever a sua.
Lurdes Campelo
D.Lurdes,
O seu caso tocou-me, sim, por sensibilidade cristã e humana, para utilizar as suas palavras. Afirmo nunca ler ou ouvir um caso semelhante ao seu.
Minha mãe faleceu vítima de um só cancro no pâncreas aos 77 anos de idade, com aspecto de quem tem 50 ou menos. Não definhou porque a laranjinha - termo utilizado pela médica para lhe dizer que tinha cancro - não lhe deu tempo de desfigurar. Partiu como se estivesse dormindo, um mês depois de cair na cama do hospital.
É doloroso ver alguém que sofre, sobretudo quando sabemos que não podemos valer-lhe.
D. Lurdes está viva e não obstante o sofrimento, com vontade férrea de continuar a viver. Não será hipérbole eu dizer: VENCEU!!!
Um abraço amigo,
Orlando
P.S.Continuo em contacto com seu irmão Campelo e a admirar as fotografias que ele faculta.
Caro amigo, Senhor Orlando Figueiredo, muito obrigada pelas suas palavras de coragem e de estima.
Quem é amigo do meu irmão meu amigo é e, por isso, não me repugna tratá-lo assim.
Cada vez me convenço mais de que só as pessoas que já passaram ou viram passar situações de doença do género da minha, é que se prestam a comentá-las.
Os felizardos, que nunca sentiram no corpo ou na alma os efeitos dela e nem assistiram ao drama de ver sofrer alguém muito próximo, não estão credenciados para comprenderem as vítimas desta doença nem a sua família.
Só mesmo nós, que passámos por adversidades comuns e nos cruzámos com problemas parecidos, partilhamos de sentimentos tão humanos!
Lamento, Senhor Orlando, a morte da sua mãe e ainda mais pela sua vida ter sido ceifada por esse "monstro" implacável a quem chamamos Cancro.
Aos 77 anos, bem poderia viver mais, mas quiz o cruel destino, se é que existe, que partisse tão rapidamente!
Se por um lado, foi dolorosa essa perda, por outro, foi uma benção de Deus, digo eu, ter "adormecido" tão depressa!
Teve sorte, caro amigo, por haver ficado da sua mãe com uma imagem tão diferente daquela que normalmente estigmatiza as pessoas cancerosas! O sofrimento por que passam é tão atroz que, na fase terminal, ficam irreconhecíveis!
Quem morre como que dormindo é, para os que cá deixa, um retrato da paz que só em Deus encontrou!
Não retenho, infelizmente, a mesma imagem da minha mãe. A 24 de Junho de 2007 foi internada com uma sintomatologia atípica de uma "laranjinha" hepática que a matou no dia 17 de Julho. Como pode ver, o tempo de vida da minha mãe foi mais curto do que o da sua. Mas foi o bastante para os seus cinco filhos, que permaneceram sempre ao seu lado durante todo o tempo concedido pelo hospital e do que se iam apropriando, à sucapa, ficarem comovidos, impressionados, "desesperados" direi mesmo, por tanta agonia expressa no então moribundo rosto de uma "doce" e tão querida mãe como a nossa!
Quem assiste a um fim tão cruel nunca pode ficar, mas nunca mesmo, com a ideia de que parecia mais nova 20 anos ou mais.
A nossa famíla está, pois, confrontada com esta doença terrível que se abateu sobre meu pai, mãe, duas irmães, e mim. Por enquanto só os meus irmãos é que não foram atingidos. Oxalá, pelo menos, estes dois sejam poupados deste teimoso fatalismo.
Quanto ao resultado dos exames clínicos que eu aguardava, graças a Deus não evidenciaram sinais de malignidade, mas o certo é que a minha hemoglobina não atingiu ainda os valores normais, apesar de eu estar a fazer um suplemento de ferro, desde há três meses a esta parte.
A manter-se assim ou se regredir com a suspensão do ferro, terei de repetir todos os exames para que seja reavaliada e, preferêncialmente, descoberta a perda de sangue algures.
De todo o modo agradeço-lhe o cuidado que teve em saber dos mesmos.
Um abraço amigo
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